CICLO
Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema


Um ano depois de a Europa ter descoberto, com um espanto de memória curta, que o seu território não é imune à guerra, redescobrindo-se também a guerra como um assunto com consequências políticas, económicas e sociais que extravasam em muito o estrito campo de batalha, iniciamos uma série de programas dedicada às formas que o cinema teve de filmar a guerra e os seus efeitos e consequências. Prevemos três módulos. O primeiro, apresentado este mês, aproxima-se do “filme de guerra” como género – coisa que ele nunca terá realmente sido, pelo menos com a mesma ordem de codificação de outros géneros clássicos – através de obras que descrevem as ações militares, os campos de batalha, o dia a dia dos soldados e dos oficiais em situações de conflito efetivo. É um registo – para não lhe chamarmos outra vez um “género” – em que o cinema americano foi pródigo, movido sobretudo pela guerra mais determinante do século XX, a II Guerra Mundial, e um registo que diversas vezes encarou a guerra pelas suas propriedades espectaculares (mas não necessariamente um registo belicista: excluindo casos particulares ao serviço de necessidades propagandísticas, a esmagadora maioria destes filmes, assim como genericamente do “filme de guerra”, é profundamente anti-belicista, talvez mesmo, e sem paradoxo nenhum, o mais anti-belicista de todos os contextos narrativos).
Assim, se neste primeiro módulo vamos de Griffith a filmar os campos de batalha da I Guerra (HEARTS OF THE WORLD) a um dos filmes recentes que mais exemplarmente reflectiram a “guerra-espectáculo” (o DUNKIRK de Nolan), no segundo módulo, a apresentar mais à frente no ano, mostraremos filmes que reflitam esta aproximação de forma mais excêntrica – incluindo geograficamente, através dos “filmes de guerra” feitos na Europa ou na Ásia. No terceiro módulo, previsto para o final do ano, afastar-nos-emos do campo de batalha, para olhares sobre a guerra a partir de uma perspetiva extra-militar, ou que procurem refletir a guerra, e sobre a guerra, de uma forma mais distanciada, mais analítica do ponto de vista filosófico, eventualmente mais abstrata. Evidentemente, nada disto é estanque, e como começaremos a ver este mês (de um dos clássicos do anti-belicismo declarado, ALL QUIET ON THE WESTERN FRONT, à loucura delirante que a guerra é em APOCALYPSE NOW!) todos estes tipos de aproximação se podem cruzar, tanto nas circunstâncias históricas como nas circunstâncias políticas ou filosóficas. Mas, no fim de contas, e no final das três partes do Ciclo, pelo menos uma ideia ficará ilustrada: que o cinema nos ajudou a perceber o que é a guerra, e mais ainda, a perceber o que é viver (ou não viver) com a guerra.
 
 
23/02/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Red Ball Express
O Mundo em Chamas
de Budd Boetticher
Estados Unidos, 1952 - 83 min
 
23/02/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Merrill’s Marauders
Bravos Até ao Fim
de Samuel Fuller
Estados Unidos, 1962 - 97 min
24/02/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Attack!
Ataque!
de Robert Aldrich
Estados Unidos, 1956 - 107 min
25/02/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Red Ball Express
O Mundo em Chamas
de Budd Boetticher
Estados Unidos, 1952 - 83 min
27/02/2023, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Ciclo Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Twelve O’Clock High
Almas em Chamas
de Henry King
Estados Unidos, 1949 - 132 min
23/02/2023, 15h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Parte I – O Cinema no Campo de Batalha
Red Ball Express
O Mundo em Chamas
de Budd Boetticher
com Jeff Chandler, Sidney Poitier, Alex Nicol
Estados Unidos, 1952 - 83 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Budd Boetticher é hoje recordado essencialmente pela série de fabulosos westerns com Randolph Scott, que dirigiria a partir de meados da década de 1950. Mas há muito mais na sua filmografia, e longe do western. Como este RED BALL EXPRESS, reconstituição das caravanas de camionetas de abastecimento que, a seguir ao Dia D, tinham que furar as linhas alemãs para ir ao encontro dos exércitos de Patton, cujo habitual ímpeto levara a um avanço mais profundo do que o razoável. A missão era quase suicida, e uma grande percentagem das tripulações das camionetas era constituída por soldados negros – os mais “expendable” dos homens do exército americano. O interesse de RED BALL EXPRESS está também nisto, no facto de ser um dos primeiros exames – filmado por Boetticher em plena consciência, e até em finta à censura militar – das questões raciais no contexto militar americano. Primeira apresentação na Cinemateca. A exibir em cópia digital.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui
23/02/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Parte I – O Cinema no Campo de Batalha
Merrill’s Marauders
Bravos Até ao Fim
de Samuel Fuller
com Jeff Chandler, Ty Hardin, Peter Brown
Estados Unidos, 1962 - 97 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Um dos melhores filmes de guerra de Samuel Fuller e da história do cinema em geral, que nos conta as operações na selva birmanesa dos soldados do general Merrill na luta contra os japoneses. O último filme de Jeff Chandler. MERRIL’S MARAUDERS foi exibido pela última vez pela Cinemateca em 2010.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui
24/02/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Parte I – O Cinema no Campo de Batalha
Attack!
Ataque!
de Robert Aldrich
com Jack Palance, Eddie Albert, Lee Marvin
Estados Unidos, 1956 - 107 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Um filme de guerra, situado no fim da II Guerra Mundial, com um argumento bastante original tirado de uma peça de teatro. Um comandante incompetente e um tanto cobarde sacrifica diversos dos seus homens num combate mal coordenado. Mas um dos seus tenentes regressa moribundo para um ajuste de contas. A última exibição do filme na Cinemateca foi em 2007.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui
25/02/2023, 21h30 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Parte I – O Cinema no Campo de Batalha
Red Ball Express
O Mundo em Chamas
de Budd Boetticher
com Jeff Chandler, Sidney Poitier, Alex Nicol
Estados Unidos, 1952 - 83 min
legendado eletronicamente em português | M/12
Budd Boetticher é hoje recordado essencialmente pela série de fabulosos westerns com Randolph Scott, que dirigiria a partir de meados da década de 1950. Mas há muito mais na sua filmografia, e longe do western. Como este RED BALL EXPRESS, reconstituição das caravanas de camionetas de abastecimento que, a seguir ao Dia D, tinham que furar as linhas alemãs para ir ao encontro dos exércitos de Patton, cujo habitual ímpeto levara a um avanço mais profundo do que o razoável. A missão era quase suicida, e uma grande percentagem das tripulações das camionetas era constituída por soldados negros – os mais “expendable” dos homens do exército americano. O interesse de RED BALL EXPRESS está também nisto, no facto de ser um dos primeiros exames – filmado por Boetticher em plena consciência, e até em finta à censura militar – das questões raciais no contexto militar americano. Primeira apresentação na Cinemateca. A exibir em cópia digital.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui
27/02/2023, 19h00 | Sala M. Félix Ribeiro
Revisitar os Grandes Géneros: A Guerra no Cinema

Parte I – O Cinema no Campo de Batalha
Twelve O’Clock High
Almas em Chamas
de Henry King
com Gregory Peck, Hugh Marlowe, Gary Merrill, Paul Stewart, Dean Jagger
Estados Unidos, 1949 - 132 min
legendado em espanhol e eletronicamente em português | M/12
Considerado um dos melhores filmes de guerra e de aviação do cinema americano clássico. É a história de uma equipa de pilotos de combate que sofre pesadas perdas nos bombardeamentos sobre a Alemanha, e cuja moral começa a ressentir-se. Um novo comandante (Gregory Peck), conhecido pela sua dureza, é enviado para chefiar a equipa. Mas também ele acabará por sofrer com a pressão a que o grupo é sujeito.

consulte a FOLHA DA CINEMATECA aqui