UM TESOIRO
de António Campos
Portugal, 1958 – 14 min
A ALMADRABA ATUNEIRA
de António Campos
Portugal, 1961 – 27 min
A FESTA
de António Campos
Portugal, 1975 – 24 min
As curtas-metragens reunidas nesta primeira sessão são aquelas onde o mar tem uma presença fundamental na definição do olhar de António Campos sobre as comunidades. A ficção que UM TESOIRO propõe é contrariada pela possibilidade de os atores serem também personagens de si mesmos, tanto quanto em A FESTA os rituais parateatrais transformam a comunidade de pescadores em espetadores de si próprios. Já em ALMADRABA ATUNEIRA, é de fim, de perda e de uma comunidade nas vésperas de uma mudança. Mas todo o filme, como aliás os dois que compõem esta sessão, anunciam o fim como um mal, mas atendem à possibilidade natural de regeneração. Adaptado do conto homónimo de Loureiro Botas, UM TESOIRO relata a vida de fome e de miséria que no inverno todos sofriam com a paragem das campanhas de arrasto. Os mais novos partiam para as florestas da Galiza, outros para as beiras interiores de Portugal, todos como madeireiros. Nem todos regressavam, mesmo os que iam para as margens do Tejo. Homenagem ao trabalho e esforço dos pescadores de atum algarvios, filmando a que viria a ser a última almadraba ou “campanha” por eles feita, já que, pouco depois do filme ALMADRABA ATUNEIRA estar terminado, o mar destruiu este arraial algarvio. As imagens de A FESTA, mostrando uma comunidade que celebra S. Pedro em benefício da capela local, em 9 e 10 de agosto de 1975, foram inicialmente captadas para integrar GENTE DA PRAIA DA VIEIRA. Mas o que António Campos regista é a continuidade do mar nas práticas sociais, religiosas e familiares de uma comunidade na qual o tempo parece ser uma ficção imposta pelo olhar do realizador.
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