CICLO
In Memoriam Rogério Samora


A Cinemateca presta homenagem a Rogério Samora (1958-2021), após a sua precoce morte, em dezembro do ano passado. O ator deixa uma carreira de 40 anos em que se tornou uma presença permanente junto do público português através do cinema, do teatro e da televisão.  Samora afirmou muitas vezes ter uma paixão maior em trabalhar para o grande ecrã. Conta com mais de meia centena de títulos num percurso que se iniciou com um nome maior do universo cinematográfico nacional, Manoel de Oliveira, no filme LE SOULIER DE SATIN (1985), e com quem fez depois vários filmes, entre os quais se destaca PARTY (1996), que protagonizou com Leonor Silveira, Michel Piccoli e Irene Papas. Trabalhou depois com um número muito alargado de realizadores, que inclui os nomes de Fernando Lopes, João Mário Grilo, João Botelho, Manuel Mozos, Miguel Gomes, António-Pedro Vasconcelos, José Álvaro Morais, Maria de Medeiros, Luís Filipe Rocha, Margarida Cardoso, Rosa Coutinho Cabral, José Fonseca e Costa, Joaquim Leitão, Raoul Ruiz e Jorge Cramez, para referir apenas o seu trabalho na longa-metragem.
As suas interpretações mais importantes surgiram em colaboração com Fernando Lopes, sendo o protagonista mais regular dos seus filmes, entre os quais MATAR SAUDADES (1988), O DELFIM (2002) e LÁ FORA (2004) que serão exibidos neste Ciclo. Samora manteve uma amizade cúmplice com Fernando Lopes, mas também com João Mário Grilo e António-Pedro Vasconcelos, que relembram a plasticidade, a versatilidade e a criatividade com que abordava os seus papéis, realçando a grande relação de confiança com que o deixavam criar e improvisar. Samora “não era um ator de escola. Era um ator muito marcado pela sua vida, criava as personagens a partir da sua experiência e isso tornava-o único” (João Mário Grilo). Numa época em que a maioria dos atores tinham uma formação predominantemente teatral, Samora demonstrou, mesmo no início, uma rara e surpreendente sensibilidade para o cinema e para a performance em frente das câmaras, afirmando-se como um dos mais carismáticos atores da sua geração.
Este Ciclo relembra o inestimável talento do ator, patente nalguns dos seus mais marcantes desempenhos no cinema português.
 
 
21/02/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo In Memoriam Rogério Samora

Lá Fora
de Fernando Lopes
Portugal, França, 2004 - 105 min | M/12
 
23/02/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo In Memoriam Rogério Samora

O Fatalista
de João Botelho
Portugal, 2005 - 102 min | M/12
26/02/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo In Memoriam Rogério Samora

Viúva Rica Solteira Não Fica
de José Fonseca e Costa
Portugal, Brasil, 2006 - 135 min | M/12
28/02/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
Ciclo In Memoriam Rogério Samora

As Mil e Uma Noites: Vol.1 – O Inquieto
de Miguel Gomes
Portugal, 2015 - 125 min | M/12
21/02/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
In Memoriam Rogério Samora
Lá Fora
de Fernando Lopes
com Rogério Samora, Alexandra Lencastre, Ana Zanatti, Maria João Abreu, Joaquim Leitão
Portugal, França, 2004 - 105 min | M/12
Depois de O DELFIM, Fernando Lopes conservou o par protagonista (Rogério Samora e Alexandra Lencastre) e mergulhou-o em ambientes e registos completamente diferentes. LÁ FORA é um filme quase antonioniano sobre as solidões e as dificuldades de comunicação no mundo moderno – assumindo-se aqui que esse “mundo moderno” é representado pelo condomínio fechado em que vivem os protagonistas. LÁ FORA tem argumento de João Lopes (a partir de uma ideia de Fernando Lopes), que assinaria também o do seguinte 98 OCTANAS. A fotografia é assinada por Edmundo Díaz, a partir deste filme diretor de fotografia de Lopes. Entre a música, algumas peças de Bernardo Sassetti.

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23/02/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
In Memoriam Rogério Samora
O Fatalista
de João Botelho
com Rogério Samora, André Gomes, Rita Blanco
Portugal, 2005 - 102 min | M/12
O FATALISTA é uma adaptação livre de Jacques Le Fataliste, de Diderot, em estilo de road movie. Numa viagem sem destino aparente, o motorista Tiago (Rogério Samora) conta a história dos seus amores ao ouvido atento do seu patrão (André Gomes). A frase preferida do protagonista, “Tudo o que de bem ou de mal nos acontece cá em baixo, está escrito lá em cima”, que dá o mote para o determinismo alegre com que o motorista conta a sua vida romântica passada, reproduz o senso de mundo observado por Diderot, ao mesmo tempo que intenta uma crítica à negatividade dos costumes portugueses. As suas narrativas múltiplas perfazem uma história sobre o “poder e saber em guerra desenfreada, a luta de classes como motor do mundo e a revelação do comportamento dos homens e das mulheres e da consequência das suas ações”. Primeira exibição na Cinemateca.

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26/02/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
In Memoriam Rogério Samora
Viúva Rica Solteira Não Fica
de José Fonseca e Costa
com Bianca Byington, Cucha Carvalheiro, José Raposo, Rogério Samora, Ricardo Pereira, Diogo Dória, Anton Skrzypiciel
Portugal, Brasil, 2006 - 135 min | M/12
Há uma razão muito concreta para que VIÚVA RICA SOLTEIRA NÃO FICA seja o filme mais longo de José Fonseca e Costa: o número de personagens masculinas que buscam a atenção e o compromisso de Ana Catarina, jovem e atraente aristocrata regressada do Brasil à antiga alta sociedade portuguesa, e que encontram um destino: uma morte prematura. Apesar do tema recorrente, talvez seja esta a obra onde Fonseca e Costa, num filme histórico à volta da comédia de costumes, nos traz um olhar mais cruel sobre a inutilidade dos homens e o fascínio pelas personagens femininas, sem esquecer, também, a crítica às divisões sociais e à moral conservadora de uma sociedade portuguesa que encontra, ainda hoje, alguns paralelos com outros tempos.

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28/02/2022, 19h30 | Sala Luís de Pina
In Memoriam Rogério Samora
As Mil e Uma Noites: Vol.1 – O Inquieto
de Miguel Gomes
com Rogério Samora, Miguel Gomes, Carloto Cotta, Crista Alfaiate
Portugal, 2015 - 125 min | M/12
O INQUIETO corresponde ao primeiro tomo do tríptico cinematográfico AS MIL E UMA NOITES, que se completa com O DESOLADO e O ENCANTADO. O filme toma o título e a estrutura dos famosos contos árabes para construir um encadeamento de histórias baseadas acontecimentos verídicos, recolhidos por um grupo de jornalistas, mergulhados no universo fantasioso e onírico muito próprio de Miguel Gomes, e funde o retrato da realidade social e política de Portugal durante a austeridade com a ficção, lembrando que “imaginário e realidade nunca puderam viver um sem o outro (e Xerazade bem o sabe)”. Primeira exibição na Cinemateca.

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