O programa de digitalização do cinema português que a Cinemateca Portuguesa tem atualmente em curso, ao criar suportes para que os filmes possam ser projetados nos sistemas que hoje em dia existem na maior parte dos equipamentos culturais, criará oportunidades para a divulgação do património cinematográfico português numa dimensão até agora impossível. É de extrema importância acompanhar este processo com a construção de caminhos por esta história coletiva, com ainda tantas obras e autores por redescobrir.
Contextualizar, mapear e relacionar são os três grandes objetivos do trabalho de difusão que a Cinemateca Portuguesa tem desenvolvido nos últimos anos. Neste âmbito, o projeto FILMar tem já trabalhado uma programação intensa e diversificada em parceria com festivais, museus, cineclubes e outros agentes culturais, tanto nacional como internacionalmente.
Continuando esta ação, lança-se agora o IMAGENS EM MOVIMENTO, um projeto de disseminação e ativação cultural que, para além de apoiar iniciativas locais de programação de cinema português, irá também promover momentos que propiciem uma reflexão conjunta sobre as estratégias e desafios de programar cinema de património no território e sobre o passado, presente e futuro das redes nacionais de exibição em sala.
Este projeto está a ser desenvolvido em articulação com o Instituto do Cinema e do Audiovisual, e será também progressivamente incrementada a articulação com a Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses apoiada pela DGArtes, permitindo incentivar a cooperação entre os diferentes equipamentos e entidades culturais que trabalham o acesso ao património cinematográfico em Portugal.
Durante 12 meses, de Novembro deste ano a Outubro de 2024, serão organizados ciclos e encontros em colaboração com cineclubes e associações, de forma a cobrir todo o território nacional de forma representativa das diferentes realidades.
O projeto IMAGENS EM MOVIMENTO irá focar-se em estabelecer colaborações de programação com cineclubes e associações que possam beneficiar substancialmente do apoio da Cinemateca Portuguesa, seja a nível do acesso a filmes, à partilha de conhecimentos e boas práticas, ou à consolidação da sua relação com públicos e com outras entidades culturais relevantes.
O mapeamento das entidades com quem a Cinemateca colaborará ainda está a decorrer, mas estão já confirmadas colaborações em várias regiões:
- no Norte, com o Cineclube da Maia e a Associação Ao Norte;
- no Centro, com o Cineclube do Pombal, Cineclube de Avanca, Cineclube de Abrantes - Espalha Fitas e Cineclube de Torres Novas;
- no Alentejo, com o Cineclube e Filmoteca Municipal de Montemor-o-Novo, a Associação Provisória – Sabóia e Cineclube de Mértola;
- e no Algarve, com o Cineclube de Faro.
O primeiro momento do IMAGENS EM MOVIMENTO arrancará já esta semana, de 2 a 11 de novembro em colaboração com o Cineclube e Filmoteca Municipal de Montemor-o-Novo e o Município de Montemor-o-Novo. No Cine-Teatro Curvo Semedo será apresentado um programa de homenagem ao sonoplasta Alexandre Gonçalves, uma das figuras incontornáveis do Cinema Novo português.
Nascido em 1927 em Évora e recentemente falecido, Alexandre Gonçalves trabalhou o som de mais de 40 filmes, tendo colaborado com alguns dos principais realizadores portugueses, como Fernando Lopes, José Fonseca e Costa, António Campos ou João César Monteiro.
A sua vida e obra serão celebradas com a apresentação de novas cópias digitais de cinco filmes em que foi responsável pela conceção e direção do som, incluindo a curta-metragem AS PEDRAS E O TEMPO, o primeiro filme de Fernando Lopes, considerada a obra precursora do Cinema Novo português.
Este programa passará também por uma exposição com peças do acervo da Cinemateca e do Cine-Teatro, como aparelhos, fotografias, cartazes e documentos, para uma breve introdução à história do som no cinema português.
Para o público mais jovem, será organizada uma oficina sobre a natureza e a evolução do som no cinema, com a orientação de Franco Bosco, engenheiro de som e técnico de preservação na Cinemateca Portuguesa. Também neste contexto serão organizadas sessões para o público escolar, integradas na colaboração do Plano Nacional de Cinema com o Agrupamento de Escolas de Montemor-o-Novo.
Ao longo dos próximos meses, e sempre em articulação com as entidades locais, serão anunciados os novos programas que terão lugar.
No fim do projeto, em 2024, será feito um balanço das atividades e reflexões conjuntas que surgiram ao longo da implementação do IMAGENS EM MOVIMENTO.
Pretende-se que este projeto crie raízes sólidas para uma relação continuada da Cinemateca Portuguesa com os vários agentes locais de programação e que, juntos, possamos contribuir para um aprofundar do conhecimento sobre a história do cinema português, reaproximá-la do território e dos públicos e, nesse processo, estimular a sustentabilidade de uma rede de divulgação deste nosso património coletivo.